dom armandoVamos refletir a respeito do receber a comunhão, destacando o gesto de ‘caminhar em procissão’ para se aproximar da comunhão eucarística. O sacerdote mostra aos fiéis os sinais sacramentais do pão e do vinho, lembrando a bem-aventurança do Apocalipse (19,9): Felizes os convidados para o banquete das núpcias do Cordeiro, e com as palavras de João Batista: Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo (Jo 1,29). O povo responde com as palavras do centurião: Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma só palavra e meu criado ficará curado (Mt 8,8). Enquanto o sacerdote se comunga, os que pretendem receber a comunhão, deixam seus lugares e formam a procissão.

O caminhar em procissão tem profundos e diferentes sentidos. Trata-se de um caminhar rumo Destaca que a eucaristia é o pão para um povo que caminha na história, como o povo de Deus no deserto, alimentado pelo maná (cf. Ex 16,13-15), como o profeta Elias que caminhou pelo deserto quarenta dias e quarenta noites, até chegar ao Horeb, o monte de Deus (cf. 1Rs 19, 8).
O Pão oferecido sustenta os fiéis em sua caminhada de fé, rumo ao Reino de Deus. Somos pessoas que andam pelas estradas da vida, entre cansaço e esperança, fadigas e avanços, tendo uma meta, unidos a Cristo que acompanha nossas andanças, como fez com os dois de Emaús (cf. Lc 24, 13-35).
O nosso, também, é um caminhar juntos, e não de solitários mas nossa vida de cristãos, é um caminhar com tantos irmãos e irmãs na fé. Movidos pela mesma fome e pela mesma necessidade, vamos rumo ao Senhor, respondendo ao Seu apelo, para que, no encontro com Ele, possamos haurir sempre novas energias e ser perseverantes na caminhada. Sustentados pelo Seu amor, pouco a pouco, aprendemos a amar uns aos outros como Ele amou.
A Eucaristia faz de nós o povo da nova Aliança chamado a testemunhar as maravilhas do Senhor em nosso hoje eclesial, fortalecendo os laços de fé e de amor entre todos os membros da única Igreja de Cristo. Nessa caminhada rumo à comunhão eucarística, cada um(a), deve manter atitudes de atenção no que está fazendo, deixando toda distração, sem precisar cumprimentar a ninguém, mas pensando só no encontro de amor que Jesus quer realizar em sua vida. Atitude bonita é a de participar no canto de comunhão e manter o próprio coração em atitude orante.
Aos ministros extraordinários da Comunhão, recomenda-se que evitem dar a comunhão a quem não sai de seu lugar (exceto às pessoas com especiais dificuldades, ou em caso de espaço apertado), para não perder o sentido desse gesto, muito expressivo, de ‘formar procissão’ (não ‘fila’) para acolher o Senhor. Nesse encontro, cada um(a) mantém a sua identidade, mas, ao mesmo tempo, se sente povo que caminha na vida e na história.
Continuaremos analisando as maneiras de receber o Corpo de Cristo.  

Dom. Armando Bucciol

Bispo de Livramento de Nossa Senhora

Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da CNBB Nacional 

Dom Armando

LITURGIA DIÁRIA